Problemas climáticos geram prejuízos bilionários para a África

O impacto do aquecimento global está custando às nações africanas até 5% de sua produção econômica. Este dado alarmante foi destacado pelo chefe de clima da ONU, Simon Stiell, nesta quinta-feira (5), reforçando a necessidade urgente de mais investimentos para ajudar na adaptação às mudanças climáticas.

O continente africano, formado por 54 nações, tem sofrido com eventos climáticos extremos, apesar de emitir muito menos gases poluentes do que o mundo industrializado. No entanto, recebe apenas 1% do financiamento global anual para o clima, o que é insuficiente para enfrentar os desafios impostos pela crise climática.

Por que o aquecimento global afeta tanto a economia africana?

“A crise climática é um buraco econômico, sugando o ímpeto do crescimento econômico”, disse Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, durante uma reunião de ministros do meio ambiente africanos em Abidjan, Costa do Marfim. O encontro faz parte das preparações para a COP29, a conferência climática da ONU que ocorrerá em novembro no Azerbaijão.

Os impactos econômicos são profundos e variados. De acordo com estimativas, seriam necessários US$ 1,3 trilhão para amenizar os danos causados pela crise climática. Além disso, pelo menos US$ 4 bilhões anualmente são necessários para eliminar o uso de combustíveis tradicionais, como a madeira, para cozinhar, que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa.

Como as mudanças climáticas influenciam o dia a dia na África?

As mudanças climáticas têm causado secas prolongadas e inundações catastróficas em todo o continente africano. Esses eventos extremos têm um impacto direto na produção de alimentos, elevando os preços das commodities e agravando a fome em diversas regiões.

  • Secas prolongadas diminuem a produção agrícola
  • Inundações causam danos a infraestruturas e imóveis
  • Aumento dos preços das commodities alimentares
  • Aggravamento da fome em regiões vulneráveis

Quais são as soluções propostas para financiar a adaptação climática na África?

Na esteira da COP29, espera-se que os apelos por mais recursos estrangeiros para a África se intensifiquem. Hanan Morsy, economista-chefe da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, destacou a necessidade de soluções de financiamento inovadoras para a adaptação, que não agravem os encargos da dívida dos países africanos. Entre essas soluções estão o refinanciamento da dívida e os mercados de carbono.

Soluções de refinanciamento propostas:

  1. Refinanciamento da dívida existente
  2. Swaps de dívida por ações climáticas
  3. Mercados de carbono voltados para projetos de mitigação

Entretanto, apesar dos desafios, há um vasto potencial na África para impulsionar soluções climáticas. A exploração deste potencial está sendo limitada, em grande parte, por uma epidemia de subinvestimento, como apontou Simon Stiell. “Devemos usar soluções de financiamento inovadoras para adaptação sem agravar os encargos da dívida”, afirmou Hanan Morsy em uma conferência de financiamento climático.

Embora tenha havido avanços na atração de novos investidores para projetos de mitigação e adaptação nos últimos anos, a África ainda recebe uma parcela muito pequena dos mais de US$ 400 bilhões gastos em energia limpa no ano passado, apenas US$ 2,6 bilhões.

Assim, enfrenta-se um cenário no qual a crise climática não apenas agrava as condições de vida, mas também atua como um entrave significativo ao desenvolvimento econômico de um continente com enorme potencial.

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