Lava desaparece e vulcão está despencando

O Ol Doinyo Lengai, situado ao nordeste da Tanzânia, destaca-se por suas peculiaridades. Considerado um vulcão singular, suas erupções não lançam a lava tradicionalmente associada aos vulcões. Em vez disso, ele libera uma lava preta, rica em carbono e relativamente “fria”, com uma temperatura de fusão de aproximadamente 540 °C. Quando em atividade, a aparência lembra óleo de motor escorrendo, que ao secar, transforma-se em manchas brancas.

O vulcão está localizado no Vale do Rifte, uma região marcada pela atividade de placas tectônicas. Além disso, é o único vulcão conhecido no mundo que expulsa magma composto por carbonatito, um material rico em elementos alcalinos como cálcio e sódio, mas pobre em sílica. Essa composição faz com que sua lava seja a mais fria do mundo, mais fluida e menos viscosa do que a lava convencional dos outros vulcões.

Por que o vulcão Ol Doinyo Lengai está afundando?

De acordo com um estudo recente publicado na Geophysical Research Letters, o Ol Doinyo Lengai está afundando continuamente nos últimos dez anos. Cientistas descobriram que o vulcão diminui a uma taxa de 3,6 centímetros por ano. Entre 2013 e 2023, o vulcão, que tem uma altura de 2.962 metros, reduziu-se em 36 centímetros.

Para alcançar esses resultados, os pesquisadores utilizaram dados de dois sistemas de satélites, o Sentinel-1 e o Cosmo-SkyMed, para mapear as mudanças no solo ao redor do Ol Doinyo Lengai. Observou-se que um fragmento de terra próximo à cratera norte estava se afastando do satélite a uma taxa constante, indicando o afundamento.

Quais são as consequências desse afundamento?

Antes de 2007, o Ol Doinyo Lengai era conhecido por liberar fluxos contínuos de lava. No entanto, uma poderosa erupção nesse ano abriu uma segunda cratera ao norte, a cerca de 100 metros dentro do vulcão, que continuou ativa até a primeira metade de 2008. Desde 2013, a cratera norte vem afundando devido ao esvaziamento de um reservatório de magma localizado mil metros abaixo do vulcão.

Os cientistas ainda não conseguiram determinar a causa exata do esvaziamento do reservatório. Hipóteses sugerem uma conexão com outro reservatório ainda mais profundo, possivelmente três mil metros abaixo do vulcão. Além da cratera afundando, há uma fissura de 100 metros cheia de lava no lado oeste do vulcão, que pode se expandir com novas erupções. Isso ressalta a importância de monitorar continuamente o Ol Doinyo Lengai para evitar possíveis catástrofes.

Como funciona a vigilância do Ol Doinyo Lengai?

A vigilância do Ol Doinyo Lengai é crucial para prever alterações e prevenir desastres. A utilização de sistemas de satélites como Sentinel-1 e Cosmo-SkyMed permite um mapeamento detalhado das mudanças no solo e no próprio vulcão.

  • Monitoramento via satélite
  • Leitura constante de dados sismológicos
  • Estudos geofísicos regulares

Essas medidas ajudam a identificar padrões de comportamento do vulcão e possibilitam a tomada de decisões preventivas eficazes.

Peculiaridades que tornam Ol Doinyo Lengai único

As peculiaridades do Ol Doinyo Lengai não se limitam ao tipo de lava e ao afundamento. É um vulcão que intriga cientistas e entusiastas devido a diversos fatores:

  1. Composição única de sua lava
  2. Taxa de resfriamento rápida da lava expulsada
  3. Transformações de cor ao secar a lava

Todos esses aspectos fazem do Ol Doinyo Lengai um vulcão verdadeiramente único e um objeto constante de estudo e fascinação.

O que podemos esperar do futuro do Ol Doinyo Lengai?

Com o afundamento contínuo e as características singulares do Ol Doinyo Lengai, futuros estudos são fundamentais. Monitorar a cratera e as fissuras ativamente pode impedir desastres naturais e proporcionar dados importantes para compreender melhor os processos vulcânicos.

Os cientistas continuam a investigar as possíveis conexões entre os diferentes reservatórios de magma e o impacto desses fatores no afundamento do vulcão. Novas tecnologias e métodos de pesquisa prometem trazer mais respostas sobre este vulcão enigmático, conhecido por desafiar nossas expectativas e ampliar nosso entendimento sobre a dinâmica vulcânica.

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