Desastre no Peru pintam os rios de laranja

Em agosto de 2024, moradores de Ancash, uma região no centro-oeste do Peru, notaram uma mudança alarmante na cor da água dos rios Santa e Tablachaca. Ambos os rios, fundamentais para o abastecimento de água potável e irrigação na região, apresentaram uma coloração laranja. Isso levou a uma investigação que revelou uma grave contaminação por metais pesados.

Os testes realizados confirmaram a presença de ferro, arsênico e manganês na água, tornando-a imprópria para o consumo humano. Esta contaminação afeta diretamente mais de 1,5 milhão de pessoas, além de diversas atividades econômicas. Segundo Beatriz Cortez, ativista da ONG Red Muqui, “é um grave desastre ambiental, pois a água desses rios era destinada ao consumo de populações inteiras”.

De Onde Vem a Contaminação dos Rios em Ancash?

A origem da contaminação ainda está sendo investigada, mas existem fortes indícios de que minas na região possam ser as responsáveis. A mina da Minera Tungsteno Málaga SAC, localizada na cidade de Pallasca, é uma potencial fonte. Outra suspeita recai sobre a mina 1464 pertencente à empresa pública Activos Mineros SAC, que foi desativada em 2015.

Entretanto, há suspeitas de que mineradores informais possam estar operando ilegalmente nessas antigas minas, contribuindo para a poluição. Cortez ressalta que “a explicação mais fácil que o Estado pode dar é dizer: são os mineiros ilegais, que nunca vieram pedir permissão para nada e entraram no território”.

Como a Contaminação Afeta a População Local?

Os rios Santa e Tablachaca são cruciais para as áreas de Ancash e La Libertad. A contaminação dos rios impacta diretamente a disponibilidade de água potável e compromete a irrigação de cerca de 200 mil hectares de terras agrícolas. Tais restrições afetam não só a saúde da população, mas também a economia local.

A gravidade da contaminação pode estar sendo sentida há anos. Elementos como o manganês e o arsênico podem estar presentes na água sem alterar sua cor, e suas consequências para a saúde ainda estão sendo avaliadas. Guillermo Martines, ambientalista da AMAS, destaca a falta de informações precisas das autoridades, o que está levando os agricultores a realizarem monitoramentos autônomos da água.

O que as Autoridades Estão Fazendo para Resolver a Situação?

Frente ao problema, as autoridades de Ancash e políticos locais têm pressionado o governo peruano e o Ministério do Meio Ambiente por uma declaração de emergência ambiental para a região. Enquanto isso, estão sendo realizadas operações de limpeza nos rios, e a qualidade da água começa a melhorar, embora ainda não esteja segura para consumo.

Especialistas criticam a ineficiência da gestão governamental na fiscalização de antigas minas. “Há uma falha no controle do risco ambiental, pois o Estado não tem a capacidade de fiscalizar antigas minas que estariam desativadas”, assinala Cortez. Enfrentar a mineração ilegal também é crucial, conforme lembra o ministro do Meio Ambiente, Juan Carlos Castro.

Quais são as Medidas Necessárias para Prevenir Novas Contaminações?

Para prevenir novas situações de contaminação, ações multissetoriais são necessárias. Isso inclui o fortalecimento da fiscalização das atividades mineradoras, a implementação de tecnologias mais seguras e a realização de monitoramentos contínuos da qualidade da água.

Adicionalmente, Cortez aponta que é imperativo abordar a questão do modelo econômico do país: “O interesse exagerado do Estado peruano em cumprir um modelo econômico extrativista e voltado para a exportação, que tem como foco a mineração, está levando o país a essa situação”.

Resumindo, a crise de contaminação dos rios Santa e Tablachaca é um chamado urgente para uma gestão ambiental mais eficiente e comprometida, assegurando que recursos vitais como a água sejam preservados para o bem-estar das futuras gerações.

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