Os açudes mais perigosos do Amapá

A recente descoberta de uma reserva de torionita no Parque Nacional de Tumucumaque, no Amapá, trouxe à tona um grave problema de segurança nacional e ambiental.

A torionita, um minério com alto índice de tório, é um elemento químico radioativo utilizado na fabricação de bombas e no enriquecimento de urânio.

Embora a extração de minérios radioativos seja monopólio da União, a nova reserva está sendo explorada ilegalmente por garimpeiros, comerciantes e doleiros, colocando em risco tanto a população local quanto o meio ambiente.

Contrabando no Amapá

Desde a descoberta da torionita, o Amapá tem sido palco de uma intensa atividade criminosa. A Polícia Federal do Amapá, o Serviço de Inteligência do Exército (Ciex) e a Agência Brasileira de Informações (Abin) estão conduzindo investigações sigilosas para desmantelar o esquema de contrabando que envolve a venda clandestina do minério para empresas siderúrgicas no Brasil e para mercados internacionais, como China e Guiana Francesa.

Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) foram enviados à região para tentar conscientizar os moradores sobre os perigos da exposição ao material radioativo, que apresenta uma concentração de 75% de tório e 7,8% de urânio.

As rotas de contrabando ainda não foram completamente mapeadas pelas autoridades, mas há indícios de que o minério esteja sendo transportado por aviões e embarcações clandestinas. A tecnologia de enriquecimento de tório é dominada por poucos países, como França e Índia, e ainda é desconhecida no Brasil.

A exploração ilegal da torionita não só viola a soberania nacional, mas também representa uma ameaça potencial para a saúde pública e o meio ambiente.

Perigos para a População e Medidas de Proteção

A presença de torionita no Amapá, especialmente em locais próximos a áreas urbanas, expõe a população a um risco significativo de contaminação radioativa. Em uma recente operação da Polícia Federal, 1,5 tonelada de torionita foi apreendida em Porto Grande, a 100 km de Macapá.

A investigação revelou que o minério estava sendo manipulado por crianças e armazenado em condições inadequadas, aumentando o risco de contaminação radioativa. A exposição contínua ao minério pode causar sérias consequências à saúde, incluindo danos genéticos e câncer.

Apesar dos riscos, o diretor de Radioproteção de Segurança Nuclear da Cnen, Altair Alves de Souza, afirmou que a torionita encontrada no Amapá não tem potencial para provocar um acidente nuclear de grandes proporções, como o ocorrido com o césio-137 em Goiânia em 1987.

Ainda assim, ele destaca a importância de evitar o manuseio frequente do material e enfatiza que a população está sendo orientada a não explorar a reserva ilegalmente.

A descoberta da torionita no Amapá levanta questões sobre a gestão de recursos naturais e a segurança nacional. Enquanto o Brasil ainda não possui tecnologia para o enriquecimento de tório, especialistas apontam que as reservas de torionita podem representar uma vantagem estratégica para o país no futuro.

Para isso, é essencial que medidas sejam tomadas para proteger a população e garantir que esses recursos sejam explorados de forma segura e sustentável, respeitando a legislação vigente e os princípios de soberania nacional.

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